quarta-feira, 28 de maio de 2008

Adeus Carrano

Agora há pouco, uma notícia me surpreendeu bastante. Há poucos dias, menos de uma semana, conversava com a minha chefe e lembrei do meu começo de trajetória aqui na Gazeta da Zona Norte. Entre os feitos iniciais e os que mais marcaram até agora, está a entrevista com Austregésilo Carrano Bueno, autor do livro "O Canto dos Malditos", que inspirou o filme "O bicho de sete cabeças". Ao abrir o site da Folha Online, acabo de descobrir que ele faleceu na tarde de ontem.
A sensação da notícia foi esquisita. Não era um parente, um amigo, nem um vizinho, ou alguém que eu costumava cumprimentar na rua. Mas um cara que eu vi uma vez na vida e fez questão de me tratar com afabilidade, sem a frieza típica das entrevistas marcadas. O que mais pensei foi que eu fui privilegiada de ter conhecido um cara como aquele e enxergado sua história sem o lodo dos preconceitos e do conservadorismo.
Carrano não tinha papas na língua. Falava tudo, e tudo como queria falar, da maneira que considerava mais verossímel ao se expressar. Estava longe de ser um mal-educado, mas expressou os piores momentos de sua história de internação psiquiátrica com palavras feias e agressivas, que não deve ter sido menos feia do que os momentos que passara sob efeito de fortíssimas drogas psiquiátricas. Gravei com fidedignidade alguns trechos: "Imagine, você, todo cagado, o dia inteiro... as fezes saindo sem controle", dizia, gesticulando, num tom de voz sentido. Exibia os dentes estragados, resultado dos inúmeros tombos e choques elétricos tomados durante a internação. Tinha o rosto envelhecido, sofrido, apesar da jovialidade exprimida no seu jeito de ser e vestir-se.
Ele teve a coragem de explicitar em seu livro os maus tratos e abusos sofridos pelos pacientes de clínicas psiquiátricas. Os atos desumanos aos quais era submetido e o descaso de funcionários, médicos e enfermeiros, além de inadequadeção no tipo de tratamento. Sofria todo o tipo de violência física e psicotrópica, sendo um paciente lúcido e consciente do que estava vivendo, condição que o deu a oportunidade de escrever o livro e denunciar os escalabros. Pior: de sentir na pele todo o tipo de maus tratos, consciente, vendo, ouvindo e entendendo tudo o que se passava, ao contrário de pacientes com reais problemas mentais. àquela época, Carrano era um jovem de 17 anos, internado pelo próprio pai por ter fumado maconha.
Não estou aqui para julgar a vida do autor, nem seus atos. Mas havemos de entender que, na esquizofrênica rotina moderna em que vivemos, é preciso considerar as causas e conseqüências; o fator humano e imperfeito existente em cada um nós. Em todos nós, aliás, que já cometemos e continuamos a cometer nossos deslizes. Nada que fira a ética ou o bem-estar coletivo, como foi o caso do autor. Mas algo intrínseco à nossa vil condição humana; pelo qual Carrano foi duramente punido e pelo qual teve sua vida modificada para sempre, em termos de seqüelas físicas e psicológicas. Na contra-mão da história, a vida precisa apresentar seu perfeito ciclo de idas e vindas, às vezes: foi preciso um jovem de 17 anos ser maltratado até a quase morte de sua alma, para que o espírito pudesse renascer, contar toda a raiva e delatar as atrocidades cometidas em supostas casas de saúde.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Stop crying your heart out

(Noel Gallagher)

Hold on
Hold on
Don’t be scared
You’ll never change what’s been and gone

May your smile (may your smile)
Shine on (shine on)
Don’t be scared (don’t be scared)
Your destiny may keep you warm

Cause all of the stars
Are fading away
Just try not to worry
You’ll see them some day
Take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out

Get up (get up)
Come on (come on)
Why’re you scared? (I’m not scared)
You’ll never change
What’s been and gone

Cause all of the stars
Are fading away
Just try not to worry
You’ll see them some day
Take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out

Cause all of the stars
Are fading away
Just try not to worry
You’ll see them some day
Just take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out

We’re all of us stars
We’re fading away
Just try not to worry
You’ll see us some day
Just take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out
Stop crying your heart out
Stop crying your heart out
Stop crying your heart out

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Às vezes, o cansaço, a tagarelice, a inquietude e os espirros traduzem-se noutra coisa. Às vezes, tudo o que eu quero é um pouco de colo, um lugar quente e sossegado, além de um pouco de aconhego. Braços masculinos me envolvendo, paz duradoura, um pouco de plenitude, estar à vontade, rumo à tranqüilidade. Às vezes, preciso de um pouco de afetuosidade, ternura, palavras brandas e sutis. Necessidade que traduz-se na vontade de estar um pouco mais completa, nem que por um instante.