terça-feira, 29 de julho de 2008

Um lugar chamado calmaria

Ontem, assisti, pela vigésima vez, o filme "Um lugar chamado Notting Hill". Bem, não sei se é realmente a vigésima; perdi as contas quando alcancei a sétima vez. Simplesmente adoro esse filme, mesmo tendo uma porção de ressalvas em relação à clichezada das comédias românticas. Notting Hill está, há muito tempo, na minha lista de filmes preferidos. Sempre que vejo parte dele na Net, paro no canal e deixo rolar, mesmo que falte apenas dois minutos para o final. O filme realmente me pega por algum canal mais implícito e psicológico. Fica difícil argumentar comigo mesma e escolher outra produção para assistir. "Olha, aquele outro vc ainda não viu". "Mas dane-se, eu gosto deste", conversa minha consciência.
Eu costumava atribuir minha simpatia pelo filme em função da beleza simples e fina de Julia Roberts aliada ao lindo-fofo Hugh Grant. Sim, porque ele consegue ser os dois lados da moeda ao mesmo tempo. Mickey-olhos-azuis, belo, apaixonado e igualmente simples. Nada de muitos adereços, apetrechos, estilos exóticos ou estereotipados. Simplesmente Hugh Grant. Tal como em "Letra e música", só com um cabelo mais arrojado e contemporâneo. Then Pop!
A verdade é que ontem entendi o porque deste meu fascínio pelo filme. Primeiro, pela leveza de sua narrativa. Mas acho que o ponto-chave é a descrição de amor que está escondida nas entrelinhas das cenas, que vai de encontro com minhas idéias e sensações já experimentadas. Lembro-me agora da cena do jardim, do café da manhã na casa de Willian Thacker. A cena do café da manhã é uma das mais emblemáticas de todas, na minha opinião, neste sentido. É quando Anna Scott vai buscar refúgio na casa de Will, após a tormenta iniciada pelos tablóides ingleses, que o amor realmente se consuma entre ambos (e não estou falando de sexo, peeps). Ela chega, desesperada. Passam as horas. Os dias. A conexão entre o casal está baseada na idéia da calma, da tranqüilidade. Acredito que esta é a idéia implícita: encontra-se o amor quando sente-se em um verdadeiro estado de tranqüilidade e calmaria. Encontra-se a paz no outro, na companhia do outro. No aconchego e na satisfação do nada. Em um simples café da manhã com pão, manteiga e leite. Mas te tranqüilidade que o sentimento do outro e pelo outro, pela paz, que é capaz de te proporcionar.
Um refúgio em meio ao caos. A cena do jardim. O banho na banheira antiga. Apesar das hidromassagens de Hollywood, aquele é seu templo. Love is a temple.